Meus pais sempre gostaram muito de viajar. A lembrança mais
antiga que tenho de uma viagem foi aos meus dois anos, num iglu em Iguaba
Grande... Desde então, costumávamos alugar alguma casa na região dos lagos e
passar as férias. Carregávamos o carro com colchonetes, comida, ventilador, e
até TV, meu irmão e eu apertados no banco de trás com tanto bagulho amontoado
com a gente, mas felizes por estarmos todos juntos e curtindo um lugar novo.
Conhecemos assim Iguaba, Cabo Frio, Araruama, São Pedro d’ Aldeia, Búzios,
Jaconé, Saquarema, Ilha Grande, Angra dos Reis, Mangaratiba, Itacuruçá,
Mambucaba, Muriqui, Guarapari, Porto Seguro, Alcobaça, Florianópolis, Balneário
de Camboriú, Blumenau, Gramado e Canela.
Conforme fomos crescendo, as viagens em família foram
diminuindo. Afinal, eu já estava grandinha e queria viajar com meus amigos. Meu
irmão sempre enjoava no carro e, quando passou a ter vontade própria, começou a
não querer mais sair com a gente. Eu comecei a faculdade de Biomedicina, estava
fazendo as aulas de professor no curso de inglês, comecei a estagiar e
trabalhar. O tempo passou a ser escasso para viajar e acabei esquecendo o
sentimento que era estar em outro lugar.
Nesse meio tempo, a minha mãe tinha ficado muito
doente, mas acabou conseguindo “se curar”. Tínhamos prometido que quando eu
terminasse a faculdade e conseguisse finalmente férias (já eram três anos que
eu não sabia o que era isso), iríamos viajar as duas juntas. Por força do
destino, quando me formei em janeiro de 2007, a minha mãe descobriu que a sua
doença tinha voltado e, dois meses depois, não estava mais entre nós...
Poupando os detalhes da minha dor, eu simplesmente sobrevivi por anos,
trabalhava apenas, havia me perdido. Até que em 2010, um novo fator me
impulsionou de volta a viver, redescobri meu caminho...
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