O deserto do Atacama

Dia 6 - 5/11: Caminhando na superfície da Lua

A travessia da Bolívia té o Chile é rápida, levando em torno de uma hora até o posto policial de San Pedro do Atacama. Mas foi o suficiente para eu ficar incomodada com a bagunça e falta de educação dos orientais da van. Saímos todos e cada um pegou a sua mochila para passar no raio-x. Não é permitido entrar com nada de origem animal ou vegetal. Como a máquina não estava funcionando, cada guarda revistava manualmente, o que fez esse processo demorar ainda mais. Após mochila liberada e passaporte carimbado, voltamos para a van e para o meu desgosto, orientais haviam pego o meu lugar... :/
Valle de la luna
Fomos deixados numa esquina perto da praça. Trocamos uma ideia com uns brasileiros que estavam ali e fomos procurar um hostel. Eu tinha anotado três nomes, e acabamos escolhendo o Juriques: era o mais barato e tinha vaga. Perguntei também quanto sairia os passeios que iríamos fazer nos próximos dias, e chorei um belo desconto, que foi concedido! Fechamos todos os tours e hospedagem. O primeiro seria para o vale de la luna e de la muerte, que sairia as 16:00.

Entrada do parque do Vale de la Luna
Almoçamos num café próximo a praça, um menu do dia com refrigerante. Na hora marcada, fica uma multidão reunida, com vários guias chamando as pessoas para os seus grupos. Partimos para o nosso microônibus, que era bem confortável. A entrada para o Vale de La Luna é bem perto, e uma galera opta por fazer esse passeio de bike. Mas o preço do tour é quase a mesma coisa do aluguel da bicicleta. Paga-se na entrada a taxa de visitação do parque, que dá acesso também a Pedra do Coyote. Visitamos um mirante do vale, as três marias (que são duas e meia) e uma casa que era de algum garimpeiro que trabalhava ali antes do local virar parque. Foi a primeira vez na viagem que senti calor (e a última também...).

As três marias

Mais vale de la luna
Seguimos para o vale de la muerte, que foi uma parada rápida. O interessante foi ter um carinha vendendo Pisco Sour no meio do nada. Ele ofereceu algumas provas e, na minha opinião, o pisco peruano é melhor.
Vale de la muerte

Tiozinho vendendo Pisco Sour

A última parada foi na piedra del coyote, que faz parte do parque Vale de La Luna. Ali, pudemos apreciar o pôr-do-sol, que foi fantástico. O local fica bem cheio, mas há espaço para todo mundo.

Vulcão Licancabur visto da pedra del coyote

Voltamos pata a cidade felizes e cansados, afinal começamos o dia às 4 da manhã, ainda na Bolívia. Passamos no mercado para comprar a janta: arroz e alguns legumes. Os meninos passaram na polleria, para comprar o frango assado, que é bem famoso por aquelas bandas.

San Pedro do Atacama no crepúsculo

Dia 7 - 6/11: Rojo, Red, Vermelho

Acordamos cedo, pois iríamos nos buscar às 7:00 para o tour a Piedras Rojas. Estava incluso o café da manhã e o almoço. A primeira parada foi no Pueblo de Toconao, onde visitamos a Praça principal e uma Igreja bem antiga.
Igreja de Toconao
Seguimos para Socaire, onde tomamos o café da manhã em um restaurante à beira da estrada. O café estava bem gostoso, com direito a ovos mexidos e guacamole! Aqui vale ressaltar a falta de educação dos gringos, que não se importam muito com as pessoas do grupo. A vista da estrada ali é bem bonita, valendo boas fotografias.
estrada e o vulcão Miniques

Nós quatro na estrada
Devidamente alimentados, seguimos para o salar de águas calientes 3, conhecido na como Piedras Rojas, justamente pela cor avermelhada das suas rochas. O local é lindo, com direito a visão do vulcão Miniques atrás da laguna. Aqui estava bastante frio, pois estávamos a 4200msnm, além de um vento que parecia carregar a gente.
Laguna de águas calientes, piedras rojas e o vulcão Miniques

Piedras rojas
Voltamos um pouco na estrada, onde paramos nas lagunas altiplânicas: Miscanti e Miniques. Elas são bem parecidas, com uma cor bem azulada e aquela vegetação amarelinha em volta, além do vulcão Miniques.
Lagunas Miniques
O almoço foi no mesmo restaurante do café da manhã. A entrada foi uma sopa, e meu cabelo 'estava' com muita fome, que nadou na sopa. Tive que ir ao banheiro lavá-lo. Quando volto, vejo os gringos rirem da minha cara. Normalmente, encontro pessoas bem legais nos lugares que visito, mas no Atacama não tive essa sorte...

Por fim, seguimos para a nossa última parada, o salar de Atacama. Pagamos a entrada de visitação do parque Nacional de los Flamencos. Este salar não impressiona tanto como o de Uyuni, mas tem a peculiaridade nos flamingos serem mais desinibidos. Ao passarmos pela Laguna Chaxa, eles ficaram lá de boa, sem se importar com a presença humana. Vimos o pôr-do-sol na estrada mesmo, de frente para o Licancabur.
Salar de Atacama
Na volta, paramos na cafeteria do primeiro dia para jantarmos. Eu pedi um cachorro quente, que vinha acompanhado de guacamole! Rafael e eu compramos uma cerveja e levamos para tomar no hostel. Ali pude ainda curtir um céu super estrelado deitada na rede disponível no quintal...

Dia 8 - 7/11: Da região del Diablo ao céu estrelado

Esse dia começamos mais devagar. Tínhamos comprado uns pães, queijo e atum para fazer is sanduíches do café e do lanche do passeio. Alugamos a bike no hostel mesmo, que nos entregou um kit de reparo mais corrente para prender as bicicletas.

Fomos para a quebrada del diablo, que fica bem perto da cidade. O passeio é bem interessante e sinalizado. Só a minha dificuldade de andar de bicicleta que atrapalhou mesmo...rsrs Andamos o dia todo, parando em torno das 14 horas para fazer o nosso lanche debaixo de uma árvore.
Entrada para a quebrada del diablo
Na volta, o Timbó parou em Pukkara de Quitor, o que foi um dia uma fortaleza. Rafael e eu fomos para a rodoviária comprar as passagens para Calama para a noite seguinte. Érika já tinha iniciado seu processo de volta, pois havia sido convocada para um concurso.
No meio da trilha
Passagens compradas, compramos cerveja, vinho e passamos no açougue para comprar bife. O almojanta desse dia seria bife a cavalo! Depois do almoço, passamos na feira de artesanatos, e pude comprar o meu íman do atacama. A ideia era também visitar a igreja e o museu, mas ambos estavam fechados.

À noite, fomos para o tour astronômico. Inicialmente, eu tinha reservado com a Space, que é a mais conhecida e profissional dali, mas acabamos chegando tarde do passeio para piedras rojas. Tentamos reservar em outra empresa, e só conseguimos vaga para o dia seguinte, na Una noche con las estrellas. O ônibus pegou a gente na praça às 23:00. A noite é bom usar um casaco, pois vamos para um lugar afastado da cidade. Chegamos numa casa, em que um casal bem simpático nos recebeu. Houve uma aula teórica primeiro, mas eu dormi! Depois fomos para os telescópios: havia 4, sendo um deles automático. Para quem não conhece nada, foi um passeio agradável, ainda mais que tinha vinho e cachorro quente liberado (além de café, chocolate e chá). Mas acho que, para alguém queira se aprofundar nas estrelas, o passeio fica aquém. Eu só sei que vi muitas estrelas essa noite....

Dia 9 - 8/11: Garimpando obsidianas

Nosso último dia no Atacama, fomos para o Salar de Tara. Ficaríamos o dia inteiro acima de 4200msnm. A primeira parada foi na Laguna Tepillaco, a 4800msnm. Aqui tomamos café, que foi menos farto, apenas com barrinhas, biscoito e chá.

El índio!
Seguimos para o Salar de águas calientes 1, onde pudemos apreciar um monumento natural, conhecido como el Índio ou El Abuelo. Dali, fomos entrando cada vez mais no deserto, ou melhor dizendo, no vulcão! Estávamos sobre o Volcano Pakana, o segundo maior do mundo, que se encontra soterrado. Passamos o tempo todo sobre ele.

Os paredões do salar de tara
Chegamos ao salar de Tara quase no meio do dia. E que vista maravilhosa! Os paredões, em contraste com a laguna e a vegetação rasteira, além dos flamingos que já são figura carimbada! Também pudemos ver roedores e calangos para variar um pouco. Tirei um tempo para meditar sobre a vida, e curtir apenas a minha companhia.

Flamingos relaxando na laguna
Salar de tara
Quando voltei para o ônibus, o almoço já estava servido. Era sanduíche self-service, com várias opções de recheio. Só o suco que foi pouco. Quando cheguei, já tinha acabado. Fomos ficando preocupados com o tempo, pois o Timbó tinha o ônibus dele agendado para as 20:00. Avisamos algumas vezes aos guias, mas aparentemente eles não estavam com pressa...
Meu pequeno sanduíche do almoço
obsidianas
Ao voltarmos, paramos numa área em que pareceu ter tido uma erupção do vulcão, a área estava mais escurecida. Ali pudemos procurar por obsidianas, pedras resultantes do resfriamento da lava. Para quem ver Game of Thrones, é o mesmo material que o dragon glass ;) Ali perto, também paramos nas catedrais de Pakana e nos monges blancos, que são mais monumentos naturais que as pessoas dão nomes aleatórios...rsrs
La catedral de Pakana
Fomos voltando, mas o tempo andava rápido demais! Timbó quase perdeu o ônibus dele. O guia precisou ligar para o nosso hostel para já deixar a mochila dele a mãos, e ainda chamar um taxi para levá-lo à rodoviária. Mas no fim tudo deu certo. Como nosso ônibus era mais tarde, ainda tivemos tempo para dar mais uma volta, trocar um dinheiro para sobrevivermos até o dia seguinte. Pegamos o nosso ônibus no horário combinado, rumo a nossa jornada de volta a Bolívia.
Los monges blancos

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