Torres del Paine - Percorrendo o Circuito W (Parte 1)

Torres del Paine é a capital do trekking na patagônia chilena. Boa parte das pessoas fazem tour diários, conhecendo apenas o mirador torres. Mas o parque é bem grande, sendo possível percorrer vários circuitos, dependendo da quantidade de dias disponível. Os mais conhecidos são o circuito O (ou completo, total de 93,2km), sendo feito em 8 dias normalmente, e o W (total de 76,1km), que é finalizado em 4 dias geralmente. Escolhemos este último.

Los Cuernos visto da estrada 

Preparação:

Seis meses antes, intensifiquei meu treino na academia, comparecendo 4 vezes na semana e intercalando exercícios aeróbicos com musculação. Além disso, continuei a minha rotina de fazer trilhas nos fins de semana, com travessias de alguns dias de vez em quando.

Do Brasil, levei a minha barraca (ridge 2 da Kelty), isolante térmico, saco de dormir, panelas e o mini fogareiro. De roupa, levei um conjunto de calça e blusa segunda pele, um fleece 300, um casaco  e uma calça corta-vento impermeável, duas calças de trilha, uma blusa dryfit de manga curta e uma de manga comprida, toca, luva impermeável e um cachecol de caxemira. Usava o conjunto de segunda pele para dormir e durante o dia revezava as outras roupas. Além disso, levamos comida liofilizada para janta de todos os dias. Para café da manhã, tivemos tapioca com nutella e, durante o dia, pão com requeijão. Em Puerto Natales, compramos o botijão de gás para o fogareiro.

Os equipamentos para acampar, dividido para 2 pessoas

Comida para os 5 dias, para 2 pessoas

A melhor época para visitar é durante o verão, entre dezembro e fevereiro. Os dias são longos, amanhecendo lá pelas 4 da manhã e escurecendo só as 22hs. É possível visitar entre outubro e abril. Fora desse período, os acampamentos do circuito fecham, assim como a maioria das trilhas por causa da neve. Além disso, mesmo na alta temporada, o tempo pode virar de uma hora para outra, sendo importante estar preparado para sol, chuva, vento e frio.

Mapa do circuito W

1º Dia: Puerto Natales a Hostelaria Torres, bate e volta ao mirador torres

Pegamos o primeiro ônibus (6:30) que sai de Puerto Natales ao parque. Paramos na portaria laguna amarga para fazer o checkin e pagar a taxa de entrada do parque (18.000 pesos chilenos - CLP - em 2016). Deveríamos também deixar reservado o camping italianos (que é gratuito), mas já não havia vaga para o dia seguinte. Falaram que poderíamos tentar com o guarda parque do campamento torres. Depois de assistir o video de instruções, pegamos um ônibus que leva da portaria até a hosteria torres, por 2700 CLP.

Barraca montada no camping Las Torres, e de quebra meus dedos rss

 Já havíamos reservado o camping Las Torres, que fica próximo a hosteria, pela internet. Ele custou 8500CLP por pessoa. Escolhemos um espaço que dava vista para as torres, arrumamos as barracas e fizemos um lanche. Partimos em direção ao Mirador Torres, um percurso de ida de 9,5km. Passamos pelo acampamento chileno, que é bem bonito, mas muito cheio. O seguinte era o acampamento torres, onde conseguimos a nossa reserva para o italiano no dia seguinte. 

Na trilha para a base das torres

Rio que atravessa para o acampamento chileno

A trilha é bem marcada, em subida a maior parte do tempo. O trecho final é mais íngreme, em terreno pedregoso. O tempo estava esquisito, a maior parte do tempo encoberto. Mas quando chegamos nas torres, ele abriu como num passe de mágica. Aproveitamos por uns 30 minutos, lanchamos, mas a chuva apareceu. Descemos antes que ela ficasse mais forte.

a base das Torres

Chegamos no acampamento em torno das 18hs, com a chuva apertando. Fomos para o banho quente disponível no camping e fizemos a janta, que foi um yaksoba. Para esquentar, um capuccino. Depois, foi descansar ao som da chuva.

Total percorrido: 19km

Tempo previsto: 9hs
Pernoite: Acampamento Las Torres

2º dia: Hosteria Torres ao Acampamento Italiano

Saindo do campamento las Torres

Acordamos com sol. Tomamos café da manhã devagar, para dar tempo de secar a barraca. Arrumamos as nossas coisas e fomos em direção ao acampamento italiano, nosso ponto final daquele dia. Logo avistamos o Lago Nordenskjöld, que nos acompanharia pela maior parte do tempo. A caminhada é longa nesse dia, mas muito gratificante. No meio do dia, avistamos o Los Cuernos, montanha imponente, que para mim é a mais bonita de todo o circuito. Paramos no refúgio dos los cuernos para lanchar. Um dos refúgios com melhor estrutura. Ali embaixo também tem uma praia muito bacana de se relaxar.

Trilha para o italianos

Rios que atravessamos ao longo do caminho

Alex admirando o lago, já chegando no refúgio Los Cuernos

Depois de descansados, continuamos o nosso caminho. Passamos pelo refúgio francês, que é pago. Mais 30 minutos chegamos ao acampamento italiano, que já estava cheio. Entregamos a nossa reserva e fomos procurar um lugar para montar a barraca. Achamos um perto do rio, que não tinha tantas raízes. Esse acampamento foi um dos mais frios no parque. Aqui não havia banho, então recorremos aos lencinhos umedecidos. Preparamos a janta, que dessa vez foi o fusili a bolonhesa. Dormimos ao som do rio e dos pedaços de gelo que se desprendem do glaciar do francês.

los cuernos

Prainha, na trilha entre los cuernos e italianos

Total percorrido: 16,5km

Tempo previsto: 7 hs
Pernoite: Acampamento Italiano

(Continua...)